Nesta quinta-feira (26.10) o
Núcleo de Pesquisa, Extensão e Estudos da Complexidade no mundo do Trabalho
(Necomt) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) apresentou a
proposta de inovação e tecnologia social “Programa estadual de apoio à cadeia
produtiva da reciclagem de resíduos sólidos” para a gestão da Universidade. O
Programa foi desenvolvido dentro do Necomt pelo Grupo de Pesquisa
Desenvolvimento Regional Sustentável e as Transformações no Mundo do Trabalho
(GDRS) e parceiros. Na sequência, o Necomt pretende levar a proposta para o
Governo de Estado e às prefeituras dos municípios de Mato Grosso com a intenção
de resolver a problemática do descarte dos resíduos sólidos pelo conceito da
economia circular presente na cadeia produtiva da reciclagem.
O Programa apresentado envolve os
programas de pós-graduação de Ciências Ambientais (PPGCA) e de Educação
(PPGEdu) da Unemat. A equipe executora do programa é composta por mais de 20
pesquisadores com vasta publicação de teses e dissertações aplicáveis que
envolvem resíduos sólidos. Entre os pesquisadores da Unemat, a equipe conta com
o professor Sandro Sguarezi, doutor em Ciências Sociais, coordenador da
Incubadora de Organizações Coletivas Autogeridas, Solidárias e Sustentáveis
(Iocass), membro do Necomt e da diretoria da Fundação Interuniversitária de
Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho (Unitrabalho), e autor do livro Autogestão
e Economia Solidária: Limites e Possibilidades.
O professor Sguarezi pontua que
além de agregar valor ao resíduo sólido é preciso envolver toda a cadeia
produtiva da reciclagem, no momento em que o lixo vira riqueza, que passa gerar
lucro. “Os projetos que estamos desenhando são de envergadura forte, com
pessoas de expertise no assunto”, reforça o professor.
Pela Unemat ainda participam da
equipe executora os professores Sonia Aparecida Beato Ximenes de Melo, doutora
em Ciências Ambientais e André Ximenes de Melo, mestre em Agronegócios. Também
compõem a equipe os professores do GDRS Mário Ricardo Guadagnin, doutor em
Ciências Ambientais e José Bezerra de Souza Júnior, voluntário no Necomt.
“É muito importante ter uma
universidade envolvida em ações dessa natureza, com certeza, legitima a
proposta porque tem a perspectiva científica, tem a perspectiva da ciência, da tecnologia,
da inovação, da formação de pessoas”, aponta a reitora da Unemat, Vera Maquêa.
A proposta do Necomt é operada pela Iocass, vinculada pela Unitrabalho e a Rede de Pesquisa, Inovação e Tecnologia Social em Gestão de Resíduos Sólidos, Sustentabilidade e Economia Solidária (Repites) sediada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O programa proposto objetiva mapear a cadeia produtiva da reciclagem que envolve uma infinidade de ações, entre elas diagnosticar oportunidade de negócios, inovação e tecnologia social; realizar estudos de viabilidade econômica visando à agregação de valor por produto como alumínio, lixo eletrônico, plástico; identificar possibilidades de coopreação, autogestão, solidariedade e ação-econômica e promover ações de capacitação, coleta de dados e soluções compartilhadas; e indicar oportunidades de agregação de renda, trabalho e emprego na cadeia produtiva da reciclagem.
Entre os produtos gerados pelo
Programa, o Necomt aponta propostas da elaboração de um projeto de lei de
política pública de incentivos fiscais a agregação de valor na cadeia produtiva
da reciclagem; da construção de um programa estadual de orientação,
acompanhamento e avaliação de fechamento de lixões nos municípios de Mato
Grosso; de desenvolvimento de um programa estadual de incubação, apoio e
fortalecimento de organizações de catadoras e catadores de matérias recicláveis
no Estado de Mato Grosso com vistas a inclusão socioprodutiva de trabalhadores
invisibilizados e de baixa renda.
“O nosso papel como universidade é sem dúvida nenhuma produzir essas tecnologias. Colocar a ciência a serviço da sociedade. Isso é inovação. Quando se cria uma metodologia dessas e demonstra ao poder público como aplicá-la a Universidade está, inclusive, transferindo tecnologia, porque a ideia de todos aqui é que isso seja universalizado por meio de políticas públicas”, observa Vera Maquêa que considerou a proposta impactante principalmente para as áreas ambiental, de saúde e educação.
O Programa estadual de apoio à cadeia produtiva da reciclagem de resíduos sólidos já aponta inicialmente projetos pilotos a serem desenvolvidos nos municípios de Tangará da Serra, Cuiabá e Cáceres. Com destaque a realização de cursos de pós-graduação de Educação Ambiental Crítica destinado a professores e técnicos da Secretaria de Educação; cursos de extensão para convidados externos; plano municipal de coleta seletiva solidária sustentável; mais elaboração, apresentação e busca de recursos para financiamento de infraestrutura.
Parte da tecnologia proposta já é
desenvolvida, desde 2005 na Cooperativa de produção de material reciclável de
Tangará da Serra (Coopertan) que contribui
tanto para o fortalecimento da cooperativa e formação das pessoas para a
autogestão, quanto para os aspectos técnicos de gestão. A catadora
Eloise Gracielle Caetano, sócia da Coorpetran e membro do Movimento Nacional
dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) confirmou a importância do
Programa Cadeia Produtiva da Reciclagem dizendo: "Sou feliz em ser
catadora, esse trabalho me realiza, por isso acredito que é importante que a Unemat
junto com a gente leve isso para outros municípios como Cáceres."
“É preciso avançar em educação
ambiental e na execução e acompanhamento da gestão ambiental pública. Nós temos
a metodologia para fazer e podemos contribuir qualificando pessoas dentro dessa
metodologia, qualificando gestores públicos. Não adianta ir só pela lógica do
fechamento do lixão, porque continuaríamos com o problema social”, adverte
Sguarezi.
Além das pessoas já citadas, estiveram presentes na apresentação, mestrandos e doutorandos dos programas de pós-graduação envolvidos no programa proposto, membros da equipe do Necomt, o vice-reitor da Unemat, Alexandre Porto e o pró-reitor de Gestão e Finanças (Tony Hirota).
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