Florestas

Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Unemat contribuirá com a missão espacial Biomass

Por Hemília Maia
30/04/2025

Pesquisadora Beatriz Marimon em inventário de floresta em Porto Alegre do Norte (MT) (Foto: Ben Hur Marimon - PPGec)

O Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação (PPGec) da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em Nova Xavantina, por intermédio do projeto global de monitoramento de florestas (GEO-Trees), do qual participa, vem coletando dados em campo que serão utilizados na missão espacial Biomass, da Agência Espacial Europeia (ESA).

“A Unemat e o PPGec, farão parte desse momento histórico. É o nosso programa se lançando para o mundo e além”, citou a professora e pesquisadora Beatriz Schwantes Marimon que é integrante do Comitê Gestor do GEO-Trees referindo-se ao lançamento do primeiro satélite a transportar um radar de banda P para o espaço juntamente com outros instrumentos já em órbita ou a serem lançados em breve, focados exclusivamente em florestas.

Confira a publicação da ESA

APLICAÇÕES

Uma nova era espacial para as florestas – mas o trabalho de base ainda importa

Assessoria Agência Espacial Europeia (ESA)

Uma nova era de monitoramento florestal está literalmente decolando, inaugurando o que os cientistas chamam de “era espacial das florestas”. Em 29 de abril, a Agência Espacial Europeia (do inglês, European Space Agency, ESA) lançará sua revolucionária missão Biomass, o primeiro satélite a transportar um radar de banda P para o espaço – uma tecnologia que está prestes a transformar a forma como entendemos as florestas e o carbono que elas armazenam. Juntamente com os instrumentos de outras agências espaciais já em órbita ou a serem lançados em breve, nunca houve tantos “olhos no céu” focados nas florestas.

No entanto, o trabalho das pessoas em terra – muitas vezes nas regiões florestais mais remotas e desafiadoras – também continua essencial.

O radar de abertura sintética em banda P do satélite Biomass da ESA é capaz de atravessar até mesmo as copas florestais mais densas para medir troncos, galhos e caules de árvores – onde a maior parte do carbono florestal é armazenado. Essas medições atuam como um indicador do armazenamento de carbono, cuja avaliação é fundamental para uma melhor compreensão do ciclo de carbono da Terra.

ESA/ATG

Em breve, ele será acompanhado pela missão Nisar dos EUA e Índia, um instrumento de abertura sintética em banda L projetado para fornecer dados complementares. Juntamente com o sistema de lidar Gedi da agência espacial estadunidense, a NASA, já a bordo da Estação Espacial Internacional, a missão de radar de banda C Copernicus Sentinel-1 da ESA e outras missões, eles oferecem uma visão sem precedentes das florestas da Terra.

Enquanto isso, o Projeto Biomass da Iniciativa para Mudanças Climáticas da ESA utiliza dados de longo prazo dessas diferentes fontes para fornecer uma imagem transparente e consistente do estado das florestas mundiais e avaliar a mudança anual da biomassa ao longo do tempo. Essas informações são usadas para compreender tanto o ciclo do carbono quanto a dinâmica florestal e, quando combinadas com modelos climáticos, contribuem para uma melhor previsão das mudanças climáticas futuras.

Foto: R. Brienen/University of Leeds

Apesar de sua sofisticação, os instrumentos espaciais não medem diretamente a biomassa ou a biodiversidade florestal. A validação em solo é essencial – especialmente em florestas tropicais, onde a enorme diversidade de espécies de plantas e ecossistemas desafia a fácil classificação a partir do espaço.

“Mesmo o satélite mais avançado não consegue diferenciar um mogno de uma castanheira-do-pará sem a ajuda do solo, e existem mais de dez mil espécies de árvores somente na Amazônia”, disse o professor Oliver Phillips, da Universidade de Leeds, do Reino Unido, que contribui com os esforços de validação com seus colegas.

É aqui que entra a rede global de cientistas, botânicos e técnicos florestais – muitos dos quais trabalham em condições desafiadoras, com poucos recursos e, muitas vezes, perigosas. Medições de longo prazo em solo são necessárias para verificar as leituras de satélite, garantir a precisão e manter registros consistentes ao longo do tempo.

Pesquisadores doutores Paulo S. Morandi, Edmar Almeida de Oliveira e Beatriz S. Marimon em inventário de floresta no município de Porto Alegre do Norte (MT)
Foto: Ben Hur Marimon

Para apoiar este trabalho vital, pesquisadores das áreas de silvicultura, ecologia e sensoriamento remoto lançaram o Sistema de Referência de Biomassa Florestal (GEO-Trees), uma iniciativa global que visa unir essas comunidades e promover parcerias científicas mais justas e equitativas.

O gerente da Missão Biomass da ESA, Klaus Scipal, explica: “O objetivo do GEO-Trees é estabelecer um mecanismo de financiamento sustentável para apoiar ecologistas e especialistas que trabalham na floresta na realização de medições árvore por árvore, necessárias para validar produtos de dados de satélite”.

“O GEO-Trees implementará protocolos rigorosos de validação em terra e impulsionará grandes investimentos nas pessoas por trás dos dados – particularmente no Sul Global, onde reside grande parte da biodiversidade mundial”

Foto: P. Kindler

“Satélites, como o nosso Biomass, oferecem uma riqueza de informações para compreender o nosso mundo em constante mudança, mas não podemos esquecer aqueles que trabalham incansavelmente em terra, realizando medições in situ, muitas vezes em condições difíceis, e que nos permitem ter confiança nos dados enviados do espaço”.

A diretora de Programas de Observação da Terra da ESA, Simonetta Cheli, acrescentou: “As equipes dedicadas a trabalhar em campo para coletar dados vitais de campo são importantes para o sucesso das nossas missões”.


Assessoria de Comunicação - Unemat

Contato:
imprensa@unemat.br

Compartilhe!