A professora Sílvia Cristina de Aguiar, do curso de Zootecnia da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), contemplada no edital de Pesquisa com Alto Nível de Maturidade Tecnológica (PANMT) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), desenvolverá nos próximos 15 meses um gel antisséptico de imersão à base de própolis verde e Aloe vera para controle e prevenção da mastite em vacas leiteiras. O que difere o gel a ser desenvolvido dos antissépticos já disponíveis no mercado é a elaboração a partir de produtos naturais que possuem características antimicrobiana, cicatrizantes e anti-inflamatórias.
A escolha da própolis verde e da babosa como componentes principais do gel se deve aos inúmeros estudos sobre suas propriedades biológicas. A própolis verde tem sido muito estudada em ruminantes e suas atividades antimicrobianas e antioxidantes já foram comprovadas. O gel da babosa também tem sido muito pesquisado, e suas atividades anti-inflamatórias e cicatrizantes são as mais relatadas. Tanto a própolis verde quanto a babosa também se mostram efetivas em inibir algumas bactérias causadoras da mastite bovina.
A mastite bovina é uma das doenças mais importantes e onerosas na bovinocultura de leite. Ela pode ser causada por fatores como microrganismos e lesões físicas ou químicas, porém a origem infecciosa é a mais prevalente. Os principais sintomas da doença são vermelhidão, inchaço e dor ao toque no úbere e tetos das vacas; observação de grumos e pus no leite; diminuição de produção de leite; perda de apetite; febre e até a morte, em casos mais graves. Consequentemente, a inflamação da glândula mamária provoca redução na produção de leite; descarte do leite de vacas em tratamento; depreciação da qualidade do produto; custos com medicamentos; gastos com assistência técnica; descarte de vacas; tempo extra, perdido no manejo e na aplicação de medicamentos.
De acordo com Sílvia, atualmente não existe um produto alternativo destinado ao controle e prevenção da mastite com amplas funções e à base de própolis verde e Aloe vera. “Sabe-se do potencial farmacológico de ambos, como as ações antimicrobiana e cicatrizante, mas ainda nada foi desenvolvido com o intuito de auxiliar no combate à mastite, através da associação desses dois compostos naturais. Acreditamos que este gel antisséptico trará muitos benefícios ao produtor, principalmente financeiros, pois o uso constante do gel reduzirá bastante o uso de antibióticos”, considerou a pesquisadora.
Sílvia também aponta que a prevenção através do gel, um produto de origem natural, não agredirá os animais e o meio ambiente, além de ser considerado ecologicamente correto. “Seu uso na rotina de ordenha também trará maior segurança ao mercado consumidor, cada dia mais exigente e preocupado com a origem dos alimentos”, destacou.
Este produto alternativo aos antissépticos convencionais trará componentes naturais ricos em compostos fenólicos e flavonoides, com comprovadas atividades antimicrobiana e cicatrizante. “A ideia é desenvolver um produto eficaz na prevenção da mastite, que reduza o uso de antibióticos e, consequentemente, diminua a incidência de resíduos contaminantes no leite; que seja de fácil aplicação, com eficácia superior aos antissépticos tradicionais e com ótima razão custo/benefício ao produtor”, explicou a professora.
Por se tratar de um produto inovador, vários testes serão realizados para ajuste dos componentes extraídos das matérias-primas aos demais componentes da fórmula. Os testes serão realizados em vacas leiteiras da região e o gel será aprimorado através dos resultados obtidos com os testes, até se obter a fórmula definitiva. O primeiro teste in vivo, com as vacas leiteiras será realizado no quarto mês, quando será possível observar os primeiros resultados do uso do gel.
“Durante os testes in vivo, as pessoas que trabalham diretamente no manejo das vacas leiteiras serão instruídas quanto à importância da higiene pré e pós-ordenha, o que agregará mais conhecimento aos produtores e trabalhadores envolvidos no processo, através de uma ação de extensão envolvendo os acadêmicos do curso de Zootecnia e a sociedade”, detalhou Sílvia. Para comercialização do produto, a pesquisadora tem em mente um depósito de registro de patente com parcerias de empresas privadas atuantes na área.
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