O curso de Engenharia Civil da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Tangará da Serra, consolidou práticas pedagógicas interdisciplinares que combinam formação técnica, sustentabilidade e compromisso social. As ações, iniciadas em 2014, resultaram em maior integração entre ensino, pesquisa e extensão, além de visibilidade em eventos nacionais como o Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia (Cobenge).
Parte dessas experiências está relacionada ao Grupo de Trabalho Ciências Básicas e Matemática na Engenharia (GT-CbME), criado em 2016 no âmbito da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge) do qual professores da Unemat são membros. O coletivo busca fortalecer a articulação entre conteúdos básicos e específicos, contribuindo também para reduzir a evasão nos primeiros semestres. O grupo nasce da percepção de professores e pesquisadores de que as Ciências Básicas e a Matemática desempenham papel central na formação em Engenharia, como por exemplo no combate a evasão nos primeiros semestres e a dificuldade de articulação entre conteúdos básicos e específicos.
De acordo com os professores da Unemat, Elias Antunes dos Santos, doutor em Educação em Ciências e em Matemática e Marinez Cargnin-Stieler, doutora em Engenharia Elétrica e ex-coordenadora do curso, as ações desenvolvidas pelo GT-CbME vieram ao encontro das práticas baseadas em princípios freirianos, ensino por projetos e alinhamento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) desenvolvidos na Unemat.
Embora o GT-CbME faça referências a projetos interdisciplinares entre 2016 e 2018, Santos já havia divulgado, em 2015, o desenvolvimento prático de pisos permeáveis feito por alunos de Engenharia Civil durante suas aulas.
Na Unemat
Segundo os professores Elias Antunes dos Santos e Marinez Cargnin-Stieler, o percurso formativo passou por três fases. A primeira (2014–2017) envolveu projetos simples no câmpus, como construção de quiosques e estufas. A segunda (2017–2019) ampliou o caráter interdisciplinar, com destaque para as Semanas Acadêmicas de Engenharia Civil e a Feira da Tecnologia da Construção (Construtec). A terceira (2020–2022) ocorreu durante a pandemia, com uso de vídeos e tecnologias digitais como estratégias pedagógicas.
“As ações integraram ensino, pesquisa e extensão, envolvendo estudantes em projetos sustentáveis no câmpus e na comunidade, como construção de pisos permeáveis, quiosques, estufas e revitalização de espaços”, explica Santos. “O percurso formativo evoluiu da experimentação inicial para maior interdisciplinaridade e visibilidade mantendo central o protagonismo discente”, reforça Cargnin-Stieler.
“As ações desenvolvidas ao longo destes anos tiveram impactos técnicos, sociais e éticos, que favorecerem a aproximação entre universidade, setor produtivo e comunidade. Eventos como o Cobenge e as Semanas de Engenharia ampliaram a nossa visibilidade institucional, enquanto parcerias com empresas e comunidades fortaleceram o nosso caráter extensionista”, constata Cargnin-Stieler.
O professor Elias dos Santos aponta o protagonismo central dos estudantes desde a concepção e execução dos projetos até a produção de relatórios, publicações e reflexões críticas. “A análise das práticas mostra evolução no uso da interdisciplinaridade, maior integração com os ODS e desenvolvimento de competências técnicas, socioemocionais e cidadãs.
Publicação
Nos últimos dois anos, professores da Unemat publicaram capítulos em obras organizadas pela Abenge e por editoras acadêmicas, relatando práticas pedagógicas baseadas em problemas reais e sustentáveis. Os textos registram a evolução da interdisciplinaridade no curso e sua contribuição para formar engenheiros com competências técnicas, sociais e éticas.
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Ciências Básicas e Matemática no ensino de Engenharia: conectando saberes, motivando aprendizagens, transformando percursos
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