LUTO

Comunidade acadêmica se despede do professor e ex-reitor Arno Rieder

Por Lygia Lima
07/01/2022

(Foto: Arquivo)

A comunidade acadêmica da Unemat em diferentes câmpus se despede do professor e amigo Arno Rieder, que morreu nesta quinta-feira (6) em Cáceres. Nas redes sociais, diversos colegas, alunos, ex-alunos, professores e conhecidos têm manifestado pesar pela morte repentina do professor.

Ele passou mal na quarta-feira com dores de cabeça e dores nas costas, e foi levado ao Hospital São Luiz em Cáceres, onde já chegou infartado. No hospital foi diagnosticado com o vírus H3N2 e ainda sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Apesar das intervenções médicas, não resistiu e veio a óbito no início da noite de quinta-feira. O corpo será sepultado às 16 horas desta sexta-feira (7) no Cemitério Parque dos Ipês, em Cáceres.

O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, e a esposa Virginia Mendes lamentaram a morte do professor Arno, no site oficial do Estado. “Um profissional que deixa exemplos de vida e dedicação à Educação. Seu legado permanecerá como um marco para a educação e desenvolvimento de todo o Estado de Mato Grosso. Eu e minha esposa externamos nossas condolências aos familiares, amigos e colegas de trabalho", afirmaram.

O reitor da Unemat, professor Rodrigo Bruno Zanin, afirma que esse momento de despedida é também o momento de homenagear o ser humano. “O professor Arno sempre foi uma pessoa coerente, que se preocupou com o meio ambiente, com a sustentabilidade. Foi um professor, pesquisador e extensionista que sempre desenvolveu projetos importantes e vinculados ao meio ambiente e extensão universitária. Também não podemos deixar de homenagear o reitor: ele esteve a frente desta Universidade em um momento difícil, em que era necessário consolidar a Unemat como patrimônio do povo de Mato Grosso. Nosso muito obrigado, professor Arno”, disse.

O professor e amigo Vitérico Maluf, que trabalhou na gestão do professor Arno na Unemat, também lamenta a perda. “Eu tive a oportunidade de conhecer o professor Arno em 1986, no extinto IESC, quando ele lecionava algumas disciplinas nas áreas de Ciências, entre elas a de Física, de Estatística e de Geologia. Foi tanto na disciplina de Geologia quanto na disciplina de Estatística que tive meu primeiro contato com uma ideia inicial de produção de conhecimento, a ideia de ir a campo levantar dados, a ideia de que era possível, a partir da sua angústia, da sua dúvida, você buscar conhecimento. Esse é um papel do professor Arno na minha vida marcado durante toda a minha trajetória acadêmica. Ação essa que tento, dentro dos meus limites formativos, levar para dentro da sala de aula. Outro lado é o de ter convivido com ele durante a sua gestão como reitor. E aí começa a Unemat a participar da região Norte de Mato Grosso, enquanto uma instituição que compunha, pela sua formação multicâmpus, a chamada Amazônia Legal, e nesse sentido a Unemat começa a romper, mesmo sendo uma Universidade sem muros, começa a romper com a ideia de regionalismo e passa a buscar a produção de um conhecimento mais generalista e universal. Eu olho para o professor Arno com esse carinho, de alguém que já participou efetivamente da construção do IESC, da Fesmat e da Unemat e, a partir de uma insistência de um grupo, tornou-se reitor. Só posso agradecer ao Arno”, declarou.

A professor Vera Regina, que é amiga do Arno desde o tempo em que atuaram juntos no projeto Rondon em Cáceres em 1977, afirmou: "Arno era um amante da natureza e, por ela, tomava grandes iniciativas. Muito estudioso, não media esforços para incentivar quem vivia no seu entorno, a estudar também. Para ele, todo o ser humano deveria ser um pesquisador. Suas pesquisas, ultimamente focadas em plantas medicinais, eram mais valorizadas na Europa do que em nosso País. Fiel a suas ideias, nem sempre era interpretado adequadamente, pois a coerência e lealdade eram extremas. Ele amou muito esta terra e esta Universidade. Nossa relação propiciou sermos compadres: ele era padrinho de meu filho. Perdemos um amigo, um pai da natureza, um professor muito aplicado”, lamentou.

O amigo e servidor da Unemat, Guilherme Vargas, publicou em suas redes sociais: "'Ar no Ambiente Acadêmico'. Esta foi das mais geniais campanhas que vi. Um saquinho de juta com semente de girassóis e assim se elegeu o primeiro reitor doutor na Unemat. Arno Rieder veio para Cáceres através do Projeto Rondon, do Ministério da Defesa. Aqui se estabeleceu e ajudou a formar o quadro do IESC, que veio a ser a Unemat que ele administrou. Comecei a estudar e trabalhar na Unemat na gestão dele e tive oportunidade de ouvir dele algumas de suas preocupações com a Instituição. Convidamos para que palestrasse em um evento da última missão do Projeto Rondon aqui em Cáceres e foi um grande momento: seus olhos brilhavam, falava com tanto amor dos fatos em que sua história se entrelaçava com a do Projeto Rondon e com a da Unemat. Esteve conosco no Núcleo de Estudos em Ciências Humanas, onde compôs equipe da linha de pesquisa 'Juventude, Cultura e Políticas Públicas', produzindo com a professora Maria Do Horto Tiellet primoroso trabalho estatístico sobre educação e violência. Tinha como identidade o rigor com que conduzia a disciplina de Estatística e também a "floresta" que criou no bairro Monte Verde, mostrando para os vizinhos a regulação térmica que esse espaço exercia nos locais próximos... e realmente era mais fresco lá próximo. Gratidão, professor Arno. Se mereço alguma das palavras elogiosas que me dirigia, agradeço a você, pois também sou produto de sua dedicação, assim como milhares que enchem de orgulho a Unemat. Este é o Ar no Ambiente Acadêmico que você proporcionou”, escreveu.

A servidora técnica da Unemat, Valci Aparecida Barbosa, também usou as redes sociais para expressar seus sentimentos pela morte do professor Arno: "Girassóis: inesquecível escolha para representar um objetivo de gestão! Fui sua aluna na famigerada e inesquecível disciplina de Estatística, e passei... (oh, glória rsrsrs). Ingressei na Unemat, como servidora, em 1998 e, lá já estava ele, naquela "reitoria" que, na verdade, era uma casa e que, talvez por isto, acolhia a todos! Foi o reitor da "Belina branca", primeiro carro adquirido para transportar o reitor, mas que atendia a todos os servidores. Tive a honra de fazer parte da equipe da sua gestão e sempre fui tratada com todo o respeito profissional e com ternura nas palavras (período de inúmeros aprendizados). Seu jeito peculiar não deixava dúvidas: ou amava ou desgostava, mas o respeito por sua pessoa sempre foi inegável! Muito obrigada, professor Arno Rieder, pelos ares de democracia plantados na Unemat, mesmo quando esta foi ameaçada, pela coragem na expansão e implantação de novos cursos: "um louco", disseram alguns... Que encontre luz e paz em seu descanso eterno. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu.

A professora e vice-reitora Nilce Maria afirmou que Arno Rieder significou para a Unemat, a semeadura. “A Unemat lamenta muito a morte do professor Arno Rieder. Ele simbolizou para a Unemat a semeadura, a semente. A possibilidade de jogar sementes ao solo e, num solo fértil, florir e florescer no nosso Estado a nossa Universidade. Então essa simbologia, de que a Universidade pode desenvolver e transformar as vidas pela semente e, com o passar do tempo, pela florescência da semente”.


Trajetória

O professor Arno Rieder, formado em Agronomia, chegou em Cáceres por meio do Projeto Rondon, no final da década de 1970 e, em 1981, começou a lecionar no Instituto de Ensino Superior de Cáceres (IESC), o embrião da Unemat, que estava em formação. Na Instituição ajudou a organizar o Ensino Superior e viveu as diferentes fases e transformações até que o sonho de ter uma universidade se concretizasse. Por meio da Unemat fez mestrado e doutorado, tendo inclusive cursado dois doutorados diferentes em Saúde e Ambiente pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e em Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), além de pós-doutorado em Ciências Biológicas e Ciências da Saúde pela UFMT.

Na Unemat, exerceu a função de reitor entre os anos de 1998 a 2002. Na época foi eleito pela comunidade acadêmica e, durante a sua gestão, a Unemat se consolidou. Foi na sua gestão que a Universidade foi credenciada pelo Conselho Estadual de Educação e pode então gozar de autonomia didática, científica e pedagógica, e a partir de então também a registrar os diplomas emitidos pela própria Universidade.


Durante a gestão de Arno, foram implantados na Universidade, a partir de setembro de 2001, 21 cursos de graduação em diferentes câmpus da Instituição, sendo 18 de bacharelados e três cursos de licenciatura. Foi sob o seu comando também que foi criado o Núcleo Pedagógico de Juara, que mais tarde se tornaria câmpus. Essas ações ousadas garantiram a consolidação da Universidade em todo o Estado de Mato Grosso.


Assessoria de Comunicação - Unemat

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