A Universidade do Estado de Mato
Grosso (Unemat) iniciou um novo capítulo de internacionalização na tarde desta
segunda-feira (18.12) ao receber oito alunos do Timor Leste, país do continente
asiático, por meio do Acordo de Cooperação entre a Unemat e o Fundo de
Desenvolvimento de Capital Humano de Timor-Leste (FDCH). Esse movimento foi iniciado
a partir da língua portuguesa que é considerada uma língua de resistência para os
timorenses. Assim como o Brasil, o Timor
Leste foi colônia de Portugal, até a descolonização em 1975, quando foi
invadido pela Indonésia e fez uma revolução em 2001 para se tornar livre.
Francisco do Rosário Haumetan,
Felzia Gerturdes Marinho de Jesus, Frederico Laurentino B. Viegas e Josefina
Jacob Noronha são os primeiros alunos estrangeiros que farão a graduação completa
na Unemat, todos no câmpus Jane Vanini, em Cáceres. Francisco e Felzia farão
graduação em Ciências Contábeis e Frederico e Josefina, em Letras.
A reitora da Unemat, Vera Maquêa, citou o quanto a Universidade vem se internacionalizando por meio da pós-graduação, onde já existe um intercâmbio entre pesquisadores. “Mas na graduação essa é a primeira experiência que temos de receber e formar pessoas de outro país na Unemat”. Esse acordo de cooperação aconteceu muito rápido porque existia uma vontade política entre as instituições envolvidas. Nós temos investido na internacionalização e este é um momento singular que vocês ajudam a inaugurar na nossa universidade como coautores. Com certeza vocês irão motivar outras pessoas a virem estudar na Unemat, inclusive do país de vocês que é um país que luta pela sua liberdade, pela sua independência, é uma gente brava e resiliente.
Durante a recepção dos estudantes
participantes do Programa de Mobilidade nos cursos de graduação e pós-graduação
da Unemat, o assessor de Gestão do Escritório de Relações Internacionais da
Unemat, Anderson Amaral, citou que o objetivo da cooperação é o fortalecimento
da relação entre as instituições brasileira e timorense por meio da cooperação
acadêmica, científica e cultural nas diversas áreas do ensino e da ciência,
além de promover a difusão cultural e o fomento ao intercâmbio de conhecimento
e de pessoas para o desenvolvimento de pesquisas e estágios de vivência.
“O investimento na educação é
fundamental para que um país se desenvolva e de fato alcance a sua autonomia, a
sua soberania, a sua liberdade, a sua Independência”, enumerou a reitora, Vera
Maquêa.
A pró-reitora de Ensino de
Graduação, Nilce Maria, deu as boas-vindas aos novos alunos contando que a
Unemat é uma universidade inclusiva e que o Mato Grosso é um estado acolhedor. “Nós
temos uma história de inclusão de alunos indígenas, de alunos pretos, inclusão
de pessoas com deficiência, inclusão de professores que moravam longe sem
condições de estudar. Nós temos uma história linda de inclusão, de diversidade
e o nosso estado também. Ele é um estado rico de cultura e de idiomas”,
reforçou Nilce.
Os novos alunos da graduação mal
chegaram e já foram convidados a prolongar suas estadas no Brasil. A diretora
político-pedagógica e financeira do Câmpus Universitário de Cáceres, Rinalda
Bezerra, os recebeu cheia de expectativas. E já os convidou a dar continuidade
a graduação. “Vocês passaram por uma seleção intensa, vieram de muito longe
para estar aqui com essa grande responsabilidade de levar conhecimento ao país
de vocês, que já estou sentindo que não serão só quatro anos”, provocou Rinalda.
Os programas de pós-graduação da Unemat também recebem alunos do Timor
Leste
Os outros quatro timorenses farão
mestrados pela Unemat. Alexandre Basílio Guterres e Francisca Gomes Viegas
participarão do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Matemática
(PPGECM), em Barra do Bugres e, em Cáceres, participam do Programa de
Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas (PGMP), Ligorio Cárceres
Mendonça, e do Programa de Pós-Graduação em Linguística (PPGL), Isaías Cárceres
Mendonça.
A pró-reitora de Pesquisa e
Pós-Graduação, Áurea Ignácio, recebeu os novos alunos da pós-graduação com o
firme propósito de agregar conhecimentos e pesquisadores à Unemat. “A
pós-graduação no Brasil precisa ter espírito de solidariedade, ciência se faz
em parceria, vocês nos trarão novas perguntas, nós enriqueceremos uns aos
outros. Na pós-graduação nós criamos amizade científica. Quando vocês voltarem
ao Timor Leste, façam parte do nosso grupo de pesquisa, interajam com os nossos
projetos”, convidou a pró-reitora.
Investimento Estratégico do Timor Leste
Os alunos chegaram ao Brasil
acompanhados pelas autoridades timorenses Domingo da Costa, Catarina da Costa,
Ana Marta Fernades do Fundo de Desenvolvimento de Capital Humano de Timor-Leste
do Ministério do Planejamento e Investimento Estratégico (FDCH/MPIE), além da Érica
Aparecida Jorge da Cunha Pinheiro que atua também junto ao Ministério do Ensino
Superior, Ciência e Cultura (Miescc). Inusitadamente, Hérica é mato-grossense de
Cáceres, egressa do curso de Letras da Unemat e foi orientanda da professora
Vera Maquêa, atual reitora da Unemat.
Érica, representante da delegação,
que atua entre idas e vindas no Timor Leste há 11 anos e, desde 2019, trabalha
para os dois ministérios explica que o FDCH se assemelha a Capes no Brasil e
que o MPIE assume o programa de bolsas de graduação e o Miescc da pós-graduação
e que o governo timorense investe muito dinheiro em cada um desses alunos e
professores de forma direta em prol de fortalecer a língua portuguesa no país.
“A importância desse acordo com
os países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP, que o Timor
vem fazendo é fundamental para a língua portuguesa seja preservada e, de fato,
institucionalizada nas universidades, onde ainda se fala muito em bahasa indonésia,
por conta dos 24 anos de ocupação Indonésia, período em que o português foi
proibido e a população obrigada a falar o idioma de seus opressores”.
Seleção
Os alunos selecionados para receber as bolsas de estudo de graduação e os professores selecionados para receber as bolsas de estudo de pós-graduação em países da CPLP como Brasil, Moçambique e Portugal passam por várias fases de seleção. Os parlamentares do Timor Leste também apontam quais profissionais o país precisa. Após participarem de curso de língua portuguesa os alunos com pelo menos 75% de presença podem realizar os exames de português e os que obtém os melhores resultados conquistam as bolsas.
Expectativa
Francisca Viegas (27) e Alexandre
Guterres (28) graduaram em Matemática, financiados pelo Timor Leste, em Cuba,
agora farão o mestrado em Ensino de Ciências em Matemática nas mesmas condições
no Brasil.
“Acho que é muito importante fazermos
nossa pós-graduação na Unemat. Temos expectativas de ganhar mais conhecimentos,
experiências e cultura também. E assim podemos ir ao nosso país e a contribuir
ao nosso desenvolvimento, especialmente como docente na universidade em Timor
Leste”, comentou Francisca.
Alexandre contou que durante a seleção só os mais experientes, hábeis e mais conhecedores são selecionados para estudar na Unemat ou em outras universidades. Que apesar de ficar triste por deixar a família, eles já estão acostumados a experiência de viver em outro país com os colegas. “Isso é uma oportunidade para os jovens timorenses, para sermos estudantes fora, precisamos deixar a família, de 2 até 4 anos. Depois podemos voltar e desenvolver a nossa família e o nosso país.
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