Quarenta e nove estudantes indígenas do curso de Enfermagem Indígena da Faculdade Indígena Intercultural (Faindi), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), estarão em São Paulo (SP), entre os dias 21 e 27 de julho, para participar de um intercâmbio de conhecimento com o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (Coren-SP), o Hospital São Paulo e o Hospital Sírio-Libanês.
Os estudantes, que já atuam em suas aldeias com práticas tradicionais de cuidado, terão a oportunidade de conhecer ferramentas tecnológicas e estruturas hospitalares de referência nacional, ampliando seus repertórios, sem abrir mão de suas identidades e conhecimentos originários.
O curso de Enfermagem da Faindi é único na América Latina, com uma proposta pedagógica diferenciada que forma enfermeiros indígenas capacitados para atuar, tanto nas comunidades tradicionais quanto em qualquer unidade de saúde do país.
“Trata-se de um projeto construído a partir das demandas das próprias etnias, que lutaram para garantir uma formação técnica de excelência, sem abrir mão de sua identidade cultural”, explica Ana Cláudia Trettel, coordenadora do curso.
Os estudantes, oriundos de 41 etnias de Mato Grosso, enfrentaram uma longa jornada até a Capital paulista: foram três dias de viagem de ônibus, partindo de Tangará da Serra, em um trajeto de cerca de 1.780 km. Para muitos, essa é a primeira visita a uma cidade como São Paulo. A expectativa é de um intercâmbio transformador, com aprendizados mútuos entre os futuros profissionais, as instituições e os profissionais da saúde envolvidos.
Segundo Ubiratan Jorge de Souza Gomes, representante da Funai, essa parceria fortalece os povos indígenas e não-indígenas.
“Esse curso vem fortalecer o que nós temos de mais valoroso dentro das populações indígenas, que são os conhecimentos ancestrais. São necessárias essas formações para que os profissionais, que atuam nas comunidades indígenas, possam fazer essa interlocução com as duas interfaces da saúde: os tradicionais de cada povo aliado ao conhecimento que temos, com tantos avanços tecnológicos”, destaca.
Políticas afirmativas
A ação também se insere em um contexto mais amplo de valorização da diversidade no ensino superior. “Além de ser a primeira Instituição a desenvolver ensino, específico para atendimento às populações indígenas, a Unemat vem inspirando ações semelhantes em diversos locais. Como política pública é muito recente, em nosso país, a formação intercultural para os povos originários, que respeita os diferentes saberes”, destacou a reitora da Unemat, Vera Maquêa.
Há 20 anos, a Unemat oferece curso para a formação de professores indígenas e foi a primeira instituição pública do país a implementar, ainda em 2016, uma política de reserva de 5% das vagas em todos os cursos de graduação para estudantes indígenas.
PARCEIROS
O curso tem apoio do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Secretaria Estadual de Saúde de Mato Grosso (SES-MT), Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (Seciteci), Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai-MS) e Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). E este workshop conta com apoio também do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo – (Coren-SP).
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