Inovação

Unemat desenvolve inteligência artificial para o Festival Internacional de Pesca de Cáceres

Por Lygia Lima
28/07/2025

Dona FIA no site do Festival Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres (FIPe) (Foto: Reprodução)

Quem acessar a página do Festival Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres (FIPe) deste ano vai se deparar com uma novidade. Uma personagem simpática e com uma característica do falar pantaneiro. Estamos falando da Dona FIA, que é a assistente virtual oficial do 42º Fipe, criada pelo Centro de Inovação, Redes Inteligentes e Soluções Criativas (Risc), da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat). Com uso de inteligência artificial, a Dona FIA promete aprender cada vez mais sobre o Festival, sobre a Cidade, cultura e linguajar local.

A criação da "Dona FIA" é fruto de um trabalho colaborativo dentro do Risc. A idealização da personagem partiu do professor e pesquisador Robson Gomes de Melo, que vislumbrou uma solução tecnológica para aproximar o público do festival. A equipe técnica formada pelos estudantes do Risc liderados pelo professor Benevid Felix da Silva, também membro do Risc, ficaram com a responsabilidade das implementações dos modelos de Inteligência Artificial que fazem a "Dona FIA" funcionar.

O professor Robinho explica a concepção da personagem: “A ideia da Dona Fia surgiu por conta do momento que estamos vivendo. Nós do Risc sempre procuramos desenvolver uma solução tecnológica e inovar nos processos em que atuamos, e neste ano, dentro da parceria que temos com a prefeitura de Cáceres entendemos que seria importante integrar a Inteligência Artificial nos processos dentro do Festival. E o nome FIA, é o F de festival e IA de Inteligência Artificial, sem contar que o 'Fia' é nome popular, um apelido carinhoso muito comum entre as senhoras cacerenses e pantaneiras. Por isso criamos esse personagem com esse esteriótipo: que se apresenta com o nosso sotaque, com o jeito de falar do cacerense pantaneiro e fosse uma especialista inicialmente no regulamento do FIPe”, diz.

Segundo os idealizadores, a função da Dona FIA era que ela tirasse as dúvidas principais quanto ao regulamento, mas a aceitação e a interação tem sido muito grande, que ela já vem aprendendo, ou melhor, tendo sua base de dados alimentada para responder questões também relativas a cultura, cidade, dicas, programação do festival. De acordo com o professor Robinho a dona FIA vem sendo treinada para responder aos internautas, mas uma das principais dificuldades enfrentadas pela equipe desenvolvedora nesse treinamento foi encontrar na internet material mais consistente sobre o linguajar cacerense, para que a personagem tivesse um sotaque mais carregado e mais próximo do falar local. “Como encontramos pouco material, às vezes a personagem entra num processo em que alucina, em que ela encontra alguns outros sotaques que muitas vezes nem é da nossa região, mas que ela acha e então prepara para poder utilizar nas respostas, mas estamos fazendo um processo manual de alimentação de uns dizeres, uns termos cacerenses”, explica.

 

Risc/Unemat e o FIPe

Este é o quarto ano em que o Risc da Unemat atua de forma muito presente no Festival Internacional de Pesca Esportiva de Cáceres. Além do site, todo o sistema de inscrição, entrega de kits, inspeção, sistema de medição, ranqueamento é desenvolvido pelos pesquisadores da Instituição.

E nesse processo ocorre o uso de IA em diversas outras aplicações tecnológicas, mas o Risc iniciará testes para o uso da inteligência artificial durante a competição, mas ainda em fase de testes e validação para que em outros anos as soluções sejam implementadas.

Além das soluções tecnológicas, os estudantes da Unemat também atuam diretamente no Festival no atendimento de kits, credenciamento, fiscalização e apoio

 

Valorização da Cultura

A professora Jocineide Macedo Karim, também da Unemat, que pesquisa o processo de mudança e variação linguística com foco no linguajar cacerense destaca a importância da criação desse personagem. “Pesquiso há mais de 20 anos o falar cacerense e observo com entusiasmo que iniciativas como essa fortalecem o que temos de mais genuíno: a nossa língua como expressão viva da identidade do Alto Pantanal. O nosso falar é parte do patrimônio imaterial de Cáceres e, por isso, merece reconhecimento, cuidado e projeção. Que sigamos valorizando nossa cultura, nossas expressões e os modos próprios de dizer o mundo”, afirmou.

Segundo a pesquisadora, “a presença da inteligência artificial Dona FIA no 42º Festival Internacional de Pesca de Cáceres é uma inovação que dialoga com os princípios mais contemporâneos da valorização da cultura local. Ao adotar expressões do português popular, como ‘óia’, ‘pra’, ‘ocê’, ‘presta atenção’, ‘é só me gritar’ ‘moage’, ‘futxicada’— representa mais do que uma forma simpática de interação: é um gesto de valorização do nosso patrimônio linguístico e cultural. O FIPe é uma festa do povo, da alegria, da pesca, da dança e da cultura viva, e ter uma IA que Interage com o público com o linguajar pantaneiro quebra a frieza da tecnologia e reforça os laços identitários da nossa comunidade, a Dona Fia se torna mais do que um recurso tecnológico: ela se constitui em um potente marcador de identidade cultural”, finaliza.


Assessoria de Comunicação - Unemat

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