A Universidade do Estado de Mato
Grosso (Unemat), por meio do Laboratório de Estudos Aplicados em Pedagogia do
Esporte (Leape), em parceria com o Ministério do Esporte (MEsp), realizou na
última semana o Fórum Internacional de Pedagogia do Esporte (Finpe), em
Cuiabá/MT. A sétima edição do Fórum contou com a participação de referências do
futsal, do futebol e da pedagogia do esporte, como o professor João Paulo
Medina, fundador e presidente do conselho na Universidade do Futebol, e o técnico
da Seleção Brasileira de Futsal, Marcos Xavier Andrade, o Marquinhos Xavier.
Ao final da notícia, confira a
entrevista exclusiva com professor Medina e Marquinhos Xavier
O evento, que tinha como objetivo qualificar a criação dos programas de política do esporte e capacitar estudantes e profissionais, contou também com a partici4pação da diretora de Políticas de Futebol e Promoção do Futebol Feminino, Sandra Santos, da Secretaria Nacional de Futebol e dos Direitos do Torcedor (MEsp).
Sob a temática Vivência e Ensino-Treino do Futebol/Futsal, o Finpe permitiu a difusão de conhecimentos a pesquisadores, treinadores, gestores e estudantes com interesse no futebol e futsal em processos de ensino-treino, explorando as variantes do futebol/futsal no cenário do século XXI, com vistas aos aspectos técnicos, assim como dos aspectos da vivência e da conexão comunitária que o esporte promove.
O coordenador geral do evento, Riller Reverdito, doutor em Educação Física, que também é o coordenador do Programa Academia e Futebol na Unemat, citou a importância da parceria com o Ministério do Esporte para Mato Grosso. “Essa parceria tem sido fundamental para o desenvolvimento do esporte na região, que atualmente alcança diferentes conteúdos e dimensões, como a instalação de novas estruturas, oferta de programas esportivos, ações de formação, bolsa-atleta, com o objetivo principal de democratização do acesso ao esporte”.
A Assessoria de Comunicação da
Unemat entrevistou o professor Medina e o Marquinhos Xavier a respeito de
esporte, motivação, carreira e vida acadêmica e, além do bolão que eles bateram
durante o Finpe, eles golearam no quesito sucesso profissional baseado em
conhecimento, perseverança e força de vontade.
MARQUINHOS XAVIER
Unemat - Depois de publicar quatro livros sobre futsal, ser especialista,
mestre e, agora, doutorando em Ciência do Movimento Humano. Você considera que
ainda tem o que aprender? Qual é a sua busca?
Marquinhos Xavier - Eu considero que sim. Eu acredito que independente da formação que a gente tem, do que a gente alcança, eu acho que o mundo é muito dinâmico e as coisas mudam muito rapidamente, numa velocidade muito maior do que antes. Isso não só pra quem vive no esporte, mas em qualquer meio coorporativo, a gente precisa ter esse desafio de seguir aprendendo. Pra mim tem sido uma constante me desafiar em compromisso e em algumas coisas que eu ainda não sei tão bem. Por isso eu valorizo muito as pessoas que também buscam isso, sempre. A nossa formação acadêmica, ela não é algo em si própria. A gente não tá fadado a esse patamar inicial, mas de continuar buscando, de continuar aprendendo coisas novas e também transformando aquilo que a gente já sabe, talvez num conhecimento ainda mais acessível às pessoas. A busca por aprender tem um objetivo claro pra mim que é tentar traduzir naquilo que a gente faz, de uma forma mais simples, pra que as pessoas consigam entender também, e melhorar dessa forma a sua vida profissional.
Unemat - Cinco
vezes indicado ao Prêmio de Melhor Técnico de Futsal do Mundo pela Futsal
Planet. Qual é o segredo?
Marquinhos Xavier – Eu não diria que existe um segredo. A palavra que possa sintetizar tudo isso é perseverança. Porque todos os dias a gente tem vontade de desistir, de pegar um outro caminho, de fazer outras coisas, enfim pela dificuldade que é a vida profissional de qualquer pessoa. Então a gente sempre reflete muito se vale a pena seguir lutando e ao final a reposta que a gente encontra é que a gente precisa terminar aquilo que começou. A perseverança é fundamental e mesmo tendo essa possibilidade de ser reconhecido internacionalmente eu ainda acho que me faltam algumas competências para que eu realmente me consiga me sentir pleno. Talvez não seja possível em uma vida só a gente conseguir tudo isso. A busca é sempre por melhorar, seguindo em frente e buscando sempre o melhor. Perseverar.
Unemat - Quais são
as mudanças mais significativas que você apontaria no esporte, no futsal?
Marquinhos Xavier – Eu acredito que as mudanças estão muito mais fora do que propriamente dentro do jogo. Assim como o futebol, o futsal também é um esporte muito conservador. Existem poucas mudanças em nível técnico, regras e condições dentro do jogo. Acho que as mudanças mais significativas estão fora do jogo. Hoje muito mais pessoas conseguem assistir, opinar e avaliar sobre tudo que está acontecendo. Isso gera uma pressão muito grande para muitos profissionais e às vezes, acarreta em estresse, depressão, quadro de ansiedade e todas as outras patologias ligadas a essa pressão do ambiente esportivo. Acho que é isso que a gente precisa ter consciência para manter uma boa saúde mental e estar sempre tranquilo em tomar decisões sem envolver muito a paixão, a emoção, sendo um pouco mais racional.
Unemat - Como
você avalia o Finpe?
Marquinhos Xavier – Foi muito legal. Foi uma oportunidade muito importante pra mim como profissional e como acadêmico. O Finpe trouxe reflexões importantes sobre várias áreas do esporte em especial do futsal e do futebol, um olhar mais clínico e sensível para o futebol e para o futsal de mulheres. E, acima de tudo, a grande oportunidade que a gente tem de palestrar, mas, de ouvir outros palestrantes. O Fórum trouxe essa possibilidade da gente realmente aprender mais do que a gente ensina. Você tem um tempo livre muito legal onde você pode circular e ouvir outras pessoas falarem sobre a sua realidade. Agradeço mais uma vez pela oportunidade que a gente teve de poder aprender com um Fórum tão significativo.
PROFESSOR MEDINA
Foto: Henry Milléo
Unemat - Presente em mais de 30 países com cursos em português e
espanhol, a Universidade do Futebol é hoje uma das principais referências em
produção de conhecimento no futebol em nosso país. Em 2003, quando a criou, você
tinha em mente que a Universidade do Futebol seria o que é hoje?
João Medina – Nos 20 anos de existência da Universidade do Futebol muita coisa vem mudando, tanto no futebol quanto na sociedade de uma forma mais ampla. A ideia deste empreendimento sociocultural, educacional e esportivo foi de contribuir para a reflexão crítica do futebol, com o pressuposto de que mudanças no futebol podem auxiliar na transformação da sociedade. O futebol é um fenômeno global, não só esportivo, como também social, cultural e educacional. Porém, pode ser instrumento de manipulação e alienação se olharmos para ele de forma ingênua. Por isso, a necessidade do pensamento crítico e da visão de complexidade que se exige para entendermos o mundo nos tempos atuais. É o que a Universidade do Futebol procura estimular.Ela procura acompanhar a evolução do futebol e da sociedade e, portanto, se ajusta permanentemente às mudanças.
Unemat - Quais são as mudanças mais significativas que você
apontaria no esporte, no futebol?
João Medina – Os recursos tecnológicos, gradativamente mais acurados e baratos, tem permitido uma verdadeira revolução na forma como produzimos conhecimentos nas últimas décadas. Isto teve impacto nas diferentes áreas da atividade humana. No esporte, no futebol não poderia ser diferente. A tecnologia do videoárbitro (VAR), globalização dos clubes, crescimento do futebol feminino, velocidade e desenvolvimento tático do jogo são algumas das principias mudanças que podemos observar.
Unemat - Professor universitário, mestre em Filosofia da Educação, como
preparador físico, atuou em grandes clubes de futebol no Brasil e na Arábia
Saudita, administrador de futebol, 50 anos de atividade profissional e ainda desenvolve pesquisas nas áreas de humanidades e pensamento
complexo relacionados ao futebol. O que te motiva?
João Medina – Uma de minhas grandes paixões é e sempre foi o futebol. Quando fazemos aquilo que amamos não se trabalha (pelo menos no sentido vulgar da palavra). Apesar dos desafios que temos que enfrentar em muitas situações, sempre senti um enorme prazer pelo meu trabalho no futebol. Penso que o meu propósito de procurar contribuir com o crescimento das pessoas através do futebol é a minha grande motivação.
Unemat - Como
você avalia o Finpe?
João Medina - Foi um prazer ter sido convidado para participar do Fórum Internacional de Pedagogia do Esporte, realizado pela Unemat em Cuiabá, uma das poucas capitais brasileiras que ainda não conhecia. Fiquei também muito gratificado pela receptividade do Riller e toda a sua amável equipe. Espero poder voltar outras vezes e contribuir com o movimento que essa equipe faz de forma tão competente.
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