A Pró-Reitoria de Ensino de Graduação (Proeg) reuniu os coordenadores locais do Programa de Células Cooperativas e Solidárias (Focco), no Câmpus de Barra do Bugres, para uma formação sobre aprendizagem cooperativa e solidária na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), na última semana (1º/12), com o professor Manoel Andrade Neto, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Criado em 2012, o Focco/Unemat inspira-se no movimento Prece, criado pelo professor Manoel na zona rural do município de Pentecostes, no interior cearense, há 30 anos. Sua proposta pedagógica é centrada na cooperação entre alunos e professores, no trabalho em equipe e na liderança estudantil, sendo trabalhada por meio dos pilares da consciência, do caráter e da competência estratégica, relacional e cooperativa.  A formação se faz por meio de “uma utopia viável pautada nas premissas da educação emocional, da autodeterminação dos estudantes, da aprendizagem cooperativa, da solidariedade altruística e da liderança estudantil e solidária”, contextualiza Andrade.

Seguindo esta metodologia, o encontro contemplou os relatos sobre as células de aprendizagem cooperativa e solidária dos câmpus universitários da Unemat articulados com os argumentos do professor Manoel que evidenciou seus objetivos para uma aprendizagem com equidade, para a formação de cidadãos éticos e para o bem-estar social. 

“O encontro entre o professor Manoel Andrade e os coordenadores locais foi significativo porque trouxe uma energia importante sobre o significado da aprendizagem cooperativa e solidária tão necessária nas escolas e nas Universidades”, avaliou o coordenador institucional Focco, professor Carlos Edinei de Oliveira. Em sua avaliação, os relatos evidenciaram a importância do Focco que vem contribuindo para a formação humana e profissional de alunos e professores em seus 11 anos de existência. O coordenador espera maior envolvimento de toda comunidade acadêmica para conhecer e participar dessa grande rede cooperativa e solidária, que é o Focco.

O coordenador local do Câmpus de Tangará da Serra, professor Marcus Vinícius Araújo Damasceno considerou que esta formação fortaleceu as ações do programa com o incremento da solidariedade e com sua aplicação no ensino. “Para nós, coordenadores, foi uma formação para os professores que somos, pois os instrumentos dados nos possibilitam aplicar a aprendizagem cooperativa como metodologia nas aulas. Isto fará com que o aluno bolsista perceba que o incentivo para que aplique a aprendizagem cooperativa e solidária também é aplicada por nós”, concluiu.

“É muito gratificante ver que a semente do Prece, do protagonismo dos estudantes, da cooperação e da solidariedade está se expandindo pelo Brasil. Fiquei feliz em perceber que a Unemat está investindo no Focco que se mostra vivo, focado e organizado para uma educação mais integral e cooperativa entre estudantes e professores, conforme demonstram os relatos de experiências”, disse Andrade.

Para a Pró-Reitoria da Proeg, professora Nilce Maria da Silva, a aprendizagem cooperativa e solidária precisa chegar a todos os estudantes e professores da Unemat, “porque precisamos formar pessoas que se preocupam com o outro, que tenham iniciativa solidária com todos e com uma formação cooperativa, o que poderá garantir uma exercício profissional mais humanizado para a nossa sociedade”, enfatizou.

Aproveitamos a oportunidade para comunicar que a temática da aprendizagem solidária e cooperataiva será discutida na próxima Semana Pedagógica Integrada, que contará com a presença do professor Manoel Andrade.

Sobre o Focco/Unemat

Ao conhecer a experiência de Cipó/Pentecostes/CE, a Unemat criou o Programa Focco em 2012, para estimular a aprendizagem cooperativa e solidária dos estudantes, por meio de metodologias ativas, cooperação e protagonismo como uma forma de estimular a permanência e combater a evasão escolar. Em 2018, o programa tem sua história registrada na dissertação “Aprendizagem Cooperativa na educação superior: um estudo do Programa de Formação de Células Cooperativas na Universidade do Estado de Mato Grosso”, da professora Karina Nonato Mocheuti.

Sobre o Prece/UFC

A sigla passou por ressignificações ao longo de sua existência. 

Em 1994, o professor Manoel animou um grupo de sete jovens em Cipó, zona rural do município de Pentecostes, a estudarem cooperativa e solidariamente com o objetivo de ingressar numa universidade pública no espaço desativado da “Casa de Farinha”. Dois anos depois, um dos jovens foi aprovado em primeiro lugar no curso de Pedagogia da UFC, o que motivou o ingresso de novos estudantes no grupo, levando aquele espaço a ser denominado por “Casa do Estudante” e propiciar o surgimento do Projeto Educacional Coração de Estudante (Prece). Em 2002, já eram 40 estudantes em busca do Prece, o que levou à constituição da Escola Popular Cooperativa (EPC) de Pentecostes, no centro da cidade, quando surgia o projeto Incubadoras de Células, estendo a experiência para outras comunidades rurais nos municípios de Umirim, Apuiarés e Paramoti, no ano seguinte. Com o ingresso de precistas na UFC, a universidade firmou parceria para apoiar o retorno dos estudantes nos finais de semana às suas comunidades de origem, criando o projeto de extensão “Programa de Educação em Células Cooperativas”. Tempo depois, foi criada uma organização não governamental (Instituto Coração de Estudante - Icores), assim como foi percebido que aquela metodologia se aproximava da teoria da aprendizagem cooperativa de David e Roger Johnson. Em 2009, a UFC criou o Programa de Aprendizagem Cooperativa em Células Estudantis, em 2016, firmou parceria com a Secretaria de Educação do Ceará (Seduc/CE) e criou o Programa de Estímulo à Cooperação na Escola Pública. Atualmente, o Movimento Prece tem o propósito de estimular a vivência da cooperação, da solidariedade e da liderança estudantil nas escolas para contribuir com o desenvolvimento da aprendizagem com equidade e estimular o protagonismo das pessoas na sociedade e proporcionar o bem-estar social.