É com pesar que a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) decretou luto oficial por três dias no Câmpus Universitário de Alto Araguaia, em decorrência da morte do acadêmico, Elpídio Neto de Oliveira, 76 anos, ontem (08.12), que veio a óbito em sua cidade natal, Ponte Branca (MT).
Elpídio cursava Letras desde 2016, ele era o único aluno entre as mulheres da sua turma e o de mais idade do curso, em Alto Araguaia. O acadêmico já havia concluído todas as disciplinas e defendido o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), quando precisou se afastar para tratamento de saúde, ele tinha problemas renais. A única pendência para formar era o estágio curricular. Embora fosse cego de uma vista e gastasse uma hora e meia no trajeto a pé até a Unemat, Elpídio nunca faltou um dia de aula.
Elpídio, que era borracheiro aposentado, largou os estudos, quando seus pais adoeceram e desde então só trabalhou. Ele se tornou arrimo de família aos 16 anos de idade. Em entrevistas que deu durante sua vida acadêmica, Elpídio contou que o principal motivo que o levou a voltar às salas de aula foram comentários que ouviu durante a vida. Muitas pessoas falavam que eu era analfabeto e isso me deixava encabulado"
Veja a matéria da BBC News Brasil sobre os idosos brasileiros que decidiram ir à faculdade, publicada em 2 de janeiro de 2019, onde seu Elpídio foi um dos entrevistados.
“Eu fiz o curso de admissão (primário) até 1964, mas aí tive que parar. E aos 65 anos, (ou seja, em 2013) voltei a estudar. Conclui o ensino médio e fiz o Enem (Exame Nacional de Ensino Médio) para ingressar na Unemat”, contou em entrevista à jornalista Lygia Lima, em 2017.
Elpidio deixa esposa, filhos netos, bisnetos e ensinamentos “só a Educação é algo que ninguém tira. O dinheiro pode ser roubado, mas a educação não”.
Aos familiares e amigos, a Unemat deseja conforto e consolo nesse momento de despedida.
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