ENTREVISTA EXCLUSIVA
No Dia da Visibilidade Trans, aluna se emociona ao poder ser a primeira mulher trans a se formar como jornalista em Rondonópolis
Alessandra Alves, primeira mulher trans a se formar em Jornalismo em Rondonópolis, compartilha suas experiências de superação e a importância da representatividade na mídia.
Por Ana Caroline Soares/@AgoraMT
Hoje (29), Dia da Visibilidade Trans, Alessandra Alves, de 21 anos, faz história ao poder se tornar a primeira mulher trans a concluir o curso de Jornalismo em Rondonópolis, Mato Grosso. Com previsão de concluir o curso no segundo semestre de 2025, Alessandra se emociona e compartilha suas experiências durante a graduação, destacando o acolhimento que encontrou na universidade e os desafios enfrentados dentro do ambiente acadêmico e no mercado de trabalho.
“Eu estou muito ansiosa pra finalizar esse último semestre de jornalismo e poder afirmar que sou uma jornalista e sou trans e que eu consegui fazer uma faculdade. Durante a graduação, eu me senti muito acolhida, ao contrário do que muitas trans temem ao entrar na universidade. Muitas têm receio de sofrer preconceito, mas foi o oposto. A universidade foi o lugar mais acolhedor que eu já estive”, conta Alessandra, emocionada com a conquista.
No entanto, ela também revelou as dificuldades enfrentadas ao longo do percurso, especialmente no que diz respeito à representação da comunidade trans na mídia. Alessandra criticou a forma como a imprensa tradicional, muitas vezes, limita as narrativas sobre as pessoas trans, associando-as a estigmas, como a profissão de garota de programa ou outros estereótipos. “A imprensa tem uma visão muito limitada sobre nós, trans. Nunca houve uma pauta sobre uma pessoa trans fazendo faculdade, uma pessoa com formação. O jornalismo precisa abrir espaço para mostrar que somos pessoas como qualquer outra, com uma graduação e dignidade profissional”, afirma.
Além disso, Alessandra destacou a importância de que os veículos de comunicação e a imprensa em geral passem a contratar e dar visibilidade a pessoas trans, principalmente no jornalismo, onde a diversidade de perspectivas é essencial para a construção de um trabalho mais inclusivo. “É fundamental que a mídia tenha profissionais trans, pois temos a capacidade de abordar pautas de maneira única. Já tentei em vários veículos de comunicação, mas não consegui oportunidade. Rondonópolis não tem uma mulher trans no jornalismo e isso precisa mudar”, explica.
O coordenador do curso de Jornalismo da Unemat, Lawrenberg Advíncula, compartilhou seu orgulho em ver Alessandra alcançando essa conquista. Ele ressaltou que a universidade tem trabalhado de forma contínua para promover a inclusão e combater a discriminação, especialmente por meio de suas Políticas de Assistência e Apoio Estudantil. “O sentimento é de orgulho porque sabemos da importância da representatividade, tanto em se tratando do acesso à universidade e ensino superior, quanto do exercício do Jornalismo. Muito mais do que pautas, a presença de uma estudante trans significa em uma maior visibilidade para as lutas de combate à violência transfóbica dentro e fora das redações jornalísticas.”, destacou Lawrenberg.
Alessandra deixa uma mensagem inspiradora para a comunidade trans, especialmente no Dia da Visibilidade Trans: “Nada é impossível para quem acredita. Podemos ser tudo o que quisermos, e estamos conquistando espaços em várias áreas. Precisamos acreditar que podemos e não nos colocarmos como vítimas, mas sim, como pessoas que têm o poder de alcançar seus objetivos”, conclui.
Com essa formatura histórica, Alessandra se torna um exemplo de perseverança e abre caminho para outras mulheres trans que desejam ingressar no jornalismo e em outras profissões, desafiando estigmas e construindo uma sociedade mais inclusiva.
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